UMA HISTÓRIA DE SUCESSO NA ESCOLA E NA VIDA

 


Sucesso. Dois casos exemplares do Curso de Fresadores.

        O Luís e o Vítor Pinto são o exemplo de uma vocação descoberta a tempo.
        Há cerca de dez anos decidiram optar pelo Curso de Fresadores. Foi a melhor coisa que lhes aconteceu na vida. Hoje, ainda muito jovens, trabalhadores incansáveis e solteiros, orgulham-se do seu estatuto de «trabalhadores por conta própria», apesar de terem uma empresa que nada fica a dever às pequenas empresas de moldes da Marinha Grande.

        A duas dezenas de quilómetros da capital do molde, na Ervedeira, os manos Pinto, o Luís , de 28 anos e o Vítor, de 26, trabalham sem descanso na sua pequena oficina de moldes. Não se consideram empresários, embora o nome da sua empresa - Sofitec- ombreie com os das mais prestigiadas. São, como eles próprios dizem, «apenas trabalhadores por conta própria», que em boa hora frequentaram o Curso de Fresadores na Escola Secundária da Marinha Grande. A carreira militar era o sonho que o pai tinha para eles e o trabalho na resina era o pesadelo durante as férias.

        «Sem vocação para os estudos» como diz o Luís, ou «estudante com o mínimo de esforço» como prefere o Vítor, o Curso de Fresadores foi a porta aberta para a vida e, esperam, «o caminho para em breve poderem tirar férias e ter os sábados livres».

        Este percurso de empresários, que os dois têm construído desde 1994, começou com uma visita de estudo à Marinha Grande.

        Frequentava o Luís o 9º ano de Mecanotecnia na Escola Secundária da Vieira e os professores organizaram uma visita ao Curso de Fresadores e à empresa Somema. Ficou encantado. «Soube logo que era aquele o curso que queria fazer» - explica o Luís. E assim, das 4 negativas que o ameaçavam com mais um chumbo, acabou o 9º ano só com uma. No ano seguinte frequentou o Curso de Fresadores e entusiasmou tanto o irmão, que este decidiu também fazê-lo. Para o Vítor, este curso «foi uma escola para a vida». Confessa que «aprendeu mais num ano do que tinha aprendido durante uma dezena de anos na escola». Os dois recordam com admiração e respeito as «lições» do Mestre Godinho e o «excepcional» professor Cegonho.

        Mais do que maquinar, o convívio durante um ano com estes mestres, devolveu-lhes a confiança e a vontade de vencer. Foi assim que mereceram também admiração dos donos das empresas onde estagiaram, o Luís, nos Irmãos Gomes, durante 8 anos e o Vitor na Inamol, durante 6 anos e meio, onde atingiu o topo da carreira, como programador CNC.


Trabalho. Boas perspectivas para o futuro.

«...o Curso de Fresadores foi uma escola para a vida»

        Depois foi tempo de montar a sua própria empresa. Começaram em 1994 com uma máquina em 2ª mão, que instalaram num barracão junto à casa dos pais. No ano seguinte já puderam comprar uma máquina nova, e, dois anos depois, crentes de que os apoios aos Jovens Empresários era uma coisa a sério, decidiram expandir a empresa e candidataram-se ao SAJE (Sistema de Apoio a Jovens Empresários). Fizeram tudo como manda a lei: entregaram o projecto a um consultor, gastaram 900 contos, e esperaram o resultado do concurso nos 45 dias úteis, como a legislação previa.

        Mas o mês e meio prometido transformou-se numa longa espera, e, há um mês atrás, numa amarga resposta que chegou em carta registada.. O Governo suspendeu o programa, por falta de verbas!

        Desiludidos, mas não vencidos, levaram para a frente o seu projecto, mesmo sem os prometidos apoios comunitários.

        Naturalmente orgulhosos do que são capazes, mostraram-nos as novas instalações, amplas e cheias de luz, onde instalaram as novas máquinas, uma sala de Planeamento, uma sala de CAD­CAM e um escritório.

        Com 4 máquinas e uma carteira de encomendas bem recheada, certamente vão tornar-se verdadeiros empresários, pois já admitem que terão de «contratar um operário».

        Ainda estão longe do senhor engravatado, instalado na sua poltrona giratória a falar ao telefone com clientes estrangeiros. Mas, vencida mais esta etapa, já podem receber os clientes estrangeiros nas suas instalações e mostrar-lhes com quanta vontade se faz um empresário! E também poderão descansar aos sábados à tarde e sonhar com o dia em que hão-de fazer os moldes e as respectivas peças de plástico.

        Se vier uma crise já têm património para cobrir esse risco.

        Ideias não faltam. E também não lhes falta saudável ambição e ponderação. «Acabar o projecto que te­mos em mão, cumprir as encomendas dos nossos clientes» são os objectivos imediatos. Não querem «dar passos maiores do que as pernas» e por isso, asseguram que «se vier uma crise já têm património para cobrir esse risco».

        Esta foi também uma lição que aprenderam com os seus professores do Curso de Fresadores. Se há professores que nunca esquecem, o mestre Godinho e o Eng.º Cegonho são desses. Pelo me­nos para estes dois jovens que são hoje motivo de curiosidade e admiração e um exemplo para outros rapazes da aldeia.

COMTEXTOS - Abril 1999